ESTUDOS SOBRE DONS SPIRITUAIS - LIÇÃO 4

4 COISAS QUE NÃO SÃO DONS ESPIRITUAIS
1 Coríntios 12. 1, 4-7

INTRODUÇÃO
Quando se trata do assunto dos dons espirituais existe certa confusão, que muitas vezes induzem algumas pessoas a desviarem-se da trilha certa (bíblica). E, segundo especialistas no assunto, existem quatro áreas que requerem uma atenção especial, para que não haja nenhum desvirtuamento das verdades bíblicas.

1. Dons Espirituais não são Talentos Naturais
Todo ser humano, em virtude de haver sido criado à imagem de Deus, possui certos talentos naturais. Talentos naturais são aquelas características que dão a cada ser humano uma personalidade sem igual. Os talentos naturais trabalham no patamar do físico-emocional enquanto os dons efetuam seus efeitos a partir do espírito.
Os dons espirituais estão reservados exclusivamente para os crentes. Nenhum incrédulo possui dons espirituais. Nem mesmo os talentos naturais consagrados a Deus podem ser tratados como dons espirituais, ainda que haja certa ligação entre as duas coisas.
Boa parte da confusão entre dons espirituais e talentos naturais deve-se ao fato de que a palavra grega usada na Bíblia para dons (charisma) foi amplamente secularizada. Estudiosos afirmam que foi Paulo que quase exclusivamente usou esta palavra, com exceção de duas outras vezes (uma em 1Pe 4.10 e outra por Filo). Max Weber começou a usar esta palavra para se referir a certas lideranças e daí acontece a difusão secularizada do termo “charisma”.

2. Dons Espirituais não é o Fruto do Espírito
O Fruto do Espírito é descrito em Gálatas 5.22-23 e portanto não é apropriado falar em “dom do amor”, claro que no sentido amplo o amor é um dom de Deus e deve ser assim considerado (1Jo 4.19), mas o amor não é um dos “charismata” (dons espirituais) com os quais Deus abençoa seus filhos.
O Fruto do Espírito é a conseqüência natural e esperada do crescimento, da maturidade, da semelhança com Cristo e da plenitude do Espírito Santo na vida de todos os crentes. O Fruto não é descoberto como no caso dos dons, ele se desenvolve, mediante o andar do crente com Deus (santidade). Podemos afirmar que basicamente os dons espirituais dizem o que o crente faz, enquanto o Fruto ajuda a definir quem o crente é. Por isso, podemos também afirmar que para o suo adequado e abençoador dos dons espirituais o Fruto do Espírito é pré-requisito básico, conforme podemos confirmar na Bíblia que uma passagem sobre o Fruto do Espírito acompanha cada uma das passagens básicas sobre dons espirituais.

3. Dons Espirituais não são os Papéis dos Crentes
Quando analisamos as listas bíblicas dos dons espirituais, fica claro que muitos deles descrevem atividades que são esperadas da parte de cada crente. É bom que haja uma distinção entre os dons espirituais e o dever dos crentes (como o caso da fé, por exemplo), que aparecem nitidamente nas palavras de Jesus e na expressão “uns aos outros” do Novo Testamento.
Cada crente precisa estar preparado para exercer suas responsabilidades como servo de Deus e ainda mais quando há real necessidade ou emergência no Corpo, mas isso não implica em dizer que o papel desempenhado, ainda que eficazmente, seja um dom espiritual.

4. Dons Espirituais não são Dons Simulados
Infelizmente a triste realidade do exercício de simulação de dons espirituais tem causado grande abalo no Corpo de Cristo, mesmo Ele mesmo tendo nos avisado em Mateus 24.24. Satanás é o pai de toda mentira (falsificador) e pode imitar cada um dos dons da lista bíblica de dons espirituais. Ele é um ser sobrenatural e é dotado de poderes sobrenaturais (Ex 7-8), obviamente o poder de Satanás é limitado e controlado por Deus.
Por outro lado existe aqueles que inocentemente projetam dons espirituais (At 19.13-17), tentando desta forma exercer uma função de proeminência dentro do Corpo, ou apenas realizar aquilo que lhe agrada. Normalmente isso acontece com novos convertidos, que por não terem base bíblica e uma boa experiência comunitária, acabam por imitar certas atitudes de alguns líderes da igreja, seja ela local ou não.
Cabe dizer que em ambos os casos o preço pago por este desvio espiritual é sempre muito alto. Pessoas que vivem esta experiência retardam seu crescimento espiritual, são frágeis emocionalmente, e com intensas dificuldades de se relacionar com o Corpo todo.

CONCLUSÃO
Sabendo dos desvios podemos evitar acidentes e prejuízos ao Reino de Deus. Como crentes responsáveis, devemos buscar e exercer nossos dons de acordo com as instruções do Senhor (1Tm 4.14) e não com modismos ou crendices.
Devemos compreender bem a dinâmica dos dons espirituais, e assim trabalhar em conjunto para o aperfeiçoamento dos santos, a edificação em amor de todo Corpo e para a obra do ministério (Ef 4.12).