CAPÍTULO
12: O ATAQUE DO DRAGÃO
INTRODUÇÃO
O
capítulo 12 revela-nos três cenas. O dragão realiza três lutas: 1) Contra Deus
e seu Messias (v. 1-6); 2) contra Miguel (v. 7-12); 3) contra a mulher (v.
13-18). Em todas as três lutas ele sai
derrotado.
O
SINAL NO CÉU
- Os
céus continuam sendo a fonte de importantes acontecimentos na terra.
- o
termo grego para a palavra “sinal” era “semeion”, que signifca “marca
distintiva”, mas nos Evangelhos e no livro de Atos, ela é usada para indicar
“um milagre didático”, uma maravilha cuja finalidade é a de convencer os homens
acerca de alguma intervenção divina, ensinamento ou lição espiritual (João
20.30; Mt 12.38,39 e 16.1,3).
A
MULHER
- “vestida
de sol, tendo alua debaixo do seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a
sua cabeça”: de acordo com os melhores comentaristas, esta mulher simboliza a
nação de Israel, que tendo uma posição de destaque em relação as demais nações
(vestida de sol), tem como referência a vida dos patriarcas como base
devocional (cf. Gn 37.9). Não devemos pensar na Igreja nesta secção, pois a
mesma se encontra ao lado de Cristo nas “bodas do Cordeiro” (cf. Ap 3.10 e
19.9).
-
“grávida, com dores de parto”: Os profetas descreveram a nação de Israel como
como quem sofria dores de parto (Mq 5.2,3; Is 9.6 e 7.14). Lembremos da agonia
da nação israelita para trazer o Messias ao mundo, por diversas vezes quase foi
extinto por guerras e deportações (Hb 7.14; Mt 1; Lc 2; Rm 9). Este versículo
fala do “passado”, apresentando para o ministério remidor de Jesus. Perceba a
ideia de “passado” no verso 5, onde o filho é arrebatado aos céus.
O
DRAGÃO
- O
vocábulo grego aqui usado, “drakon”, significa “dragão”, “serpente”, “crocodilo”
ou “leviatã” (Jó 41.1). Somos informados de que os antigos cananeus (conforme a
descrição existente nos tabletes de Ras Shamra) tinham uma terrível serpente de
sete cabeças. O leviatã (cf. Is 27.1); era considerada uma horrenda e “rápida”
serpente. A menção aqui é a da “antiga serpente” chamada de Satanás (diabo =
enganador; satanás = adversário), que tem em seu propósito a destruição.
-
“vermelho”: aponta para a sede de violência, destruição e pecado (cf. Ap 6.4).
- “sete
cabeças e dez chifres”: sete cabeças nos fala de sua alta capacidade de sedução
e sua grande astúcia. E os dez chifres nos retratam uma esfera de poder, como
por exemplo dez reis, ou ainda uma federação de dez reinos.
- O
verso 4 revela a guerra nos céus, quando Satanás e um terço dos anjos foram
banidos do Trono e lançados na terra. O termo “parado diante” significa
“aguardar o momento”, podemos então concluir que Satanás aguardava o momento da
encarnação do Messias para tira-lhe a vida, pois o nascimento do Filho de Deus
marcou o início do fim de Satanás (pena, poder e presença do pecado). Conferir
com verso 7 as consequências da rebelião.
O
FILHO
-
João fala da raiz da qual brotaria o Messias. A sua natureza humana e no verso
5, a ascensão de Jesus fica nítida neste texto, bem como seu caráter
messiânico.
A
FUGA PARA O DESERTO
“...a
mulher fugiu para o deserto”. Este será o “...lugar preparado por Deus” durante
a Grande Tribulação. No ano 70 d.C. Deus preparou a cidade de Pella, uma das
cidades de Decápolis, como “refúgio” para os crentes fiéis que creram nas
advertências do Senhor. Eles ali ficaram por trás do “deserto” da Judéia e de
Moabe, e assim escaparam da grande destruição da cidade e de seus moradores. Sugerem-se
que este lugar de “refúgio” seja Petra, no monte Seir, na terra de Edom e
Moabe. Sela ou Petra, a cidade da rocha é uma das maravilhas do mundo
(localizada ao sudoeste do mar Morto), como um possível esconderijo. Podendo
acomodar 250.000 pessoas, assim ofereceria proteção excelente. Esta região demarcada
por Deus e denominada de “o deserto”, é chamada também de: (a) “lugar”. Ap
12.6; (b) “refúgio”. Is 16.4;
(c)
“quartos”. Is 26.20, etc.
O
ARCANJO MIGUEL
- Em
Daniel 10.13, 21 e 12.1, sua missão específica é guardar, e proteger a nação
israelita. Mas, é óbvio, pois, que suas atividades são as mais variadas,
envolvendo uma vastíssima área. Isso nos fornece algum pensamento quanto a sua
piedade, mesmo sendo guerreiro, e poderoso, e suas revelações no tocante ao
ministério dos anjos dos quais se destaca como comandante:
- Em
1Ts 4.16, nos é dito que, o Arcanjo em foco virá com Jesus na sua Vinda. Isso
nos leva a entender que, os anjos cooperam também no ministério da salvação (Hb
1.14). E outras passagens correlatas: Em Judas versículo 9, ele é visto a
contender com o diabo “...a respeito do corpo de Moisés”: em Apocalipse 12.7,
ele é visto a combater o “diabo e seus anjos” em defesa do céu. Em todas as
passagens em que Miguel aparece no cenário da História Angelical, é sempre
citado em conexão com a guerra e sempre triunfante.
-
“Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus”: “...nem mais o seu lugar se achou nos céus”. A
batalha mais significativa de toda a história do mundo vai ser agora preparada.
Forças celestes e forças infernais encontrar-se-ão neste conflito sombrio. João
apresenta os Aliados (Miguel e seus anjos) e os Opositores (Satanás e seus
anjos). A frase “guerra no céu” é um tanto espantosa. Depois do “silêncio no
céu” (8.1) temos a “guerra no céu”. Por “céu” onde se ferirá a batalha não
devemos compreender a presença imediata de Deus, mas a esfera que Satanás
ocupou desde que foi expulso do lugar da habitação de Deus por causa de sua
rebelião. O versículo em foco mostra como Satanás será expulso do céu (comparar
com Jó 1.6).
-“E
foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás,
que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram
lançados com ele”. A passagem de Lucas 10.18, pode ser paralela no que diz
respeito ao tempo a desta secção, onde se lê: “Eu via Satanás, como raio, cair
do céu”. Desde sua expulsão dos céus, o seu caminho tem sido o da “descida”:
para os ares (Is 14.12; Ef 2.2), para terra e o mar (Ap 12.12); para o abismo
(Ap 20.1-7); para o lago do fogo (Ap 20.10); seu destino final!
A
VITÓRIA
- “E
ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora chegada está a salvação, e a
força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador
de nossos irmãos é derribado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e
de noite”. O dragão na qualidade de “destruidor”, é um “leão que ruge” (1Pd
5.8); e na qualidade de “enganador”, é uma “serpente sedutora” (Gn capítulo 3.1
e ss). Mas, na qualidade de “Diabo”, é “acusador em grau supremo”. O termo
grego “o acusante” dá a ideia de alguém cuja tarefa permanente é seu trabalho
destruidor. Nesta condição de “acusador” ele é homicida tanto da vida física
como espiritual (Jo 8.44).
- “E
eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não
amaram as suas vidas até à morte”.
I.
“...eles o venceram pelo sangue do Cordeiro”. Essas palavras podem ser
confrontadas com Rm 8.31 e ss. Nada pode voltar-se contra nós e obter sucesso,
se somos favorecidos por Deus, mediante o sangue de Cristo. Alguns dos escritos
paralelos do judaísmo, tinham, freqüentemente semelhança no Apocalipse, por
exemplo: “Os judeus tinham uma tradição que dizia que o “acusador de nosso
irmãos” acusa os homens todos os dias do ano, exceto no dia da expiação”. Assim
sendo, para o crente, todo o dia é um dia de expiação, e o precioso sangue do
cordeiro de Deus, lhe proporciona o direito de ser sempre vencedor, tanto no
tempo presente como na eternidade futura. A vitória é sempre por meio da pessoa
de Cristo (2Co 2.14). Este versículo aponta para um segundo meio de vencer:
“...e pela palavra do seu testemunho”. Em outras palavras foram fiéis como
mártires, sustentando até ao fim a profissão cristã, a despeito de uma horrenda
oposição.
A
PERSEGUIÇÃO
- “Pelo
que alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Ai dos que habitam na terra
e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem
pouco tempo”.
.
“...tem grande ira”. O termo (hoti) usado aqui para descrever “raiva fervente”.
.“...tem
pouco tempo”. Essa é uma das causas de sua “grande ira”, pois lhe restam apenas
três anos e meio depois vem sua prisão (Ap 20.1 e ss). É esse o único lugar na
Bíblia que nos leva a
entender
o limitado conhecimento (onisciência só para Deus) futurístico de Satanás: três
anos e meio.
-
“E, quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera
à luz o varão”.
. A
mulher foi perseguida pelo dragão, primeiramente no céu (v.4), e depois na
terra (v.15). A cena é primeiramente descrita como quem está “no céu”, depois
como quem está “na terra”. Alguns vêem nisso a “queda de Israel”. Essa
interpretação é possível. A apostasia e a rejeição de Cristo retiraram da nação
de Israel a sua antiga glória, como também a aprovação divina. Contudo Deus
cumprirá todas a suas promessas por amor aos patriarcas.
-“E foram dadas à mulher duas asas de grande
águia, para que voassem para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um
tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente”.
.
“...duas asas de grande águia”. Significa a proteção de Deus e os meios por ele
usados. Seu cuidado e livramento são indicados desta maneira: “Vós tendes visto
o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia, e vos trouxe a mim”
(Êx 19.4); “Achou-no na terra do deserto... como a águia desperta o seu ninho,
se move sobre os seus filhos, estende as suas asas, toma-os e os leva sobre as
suas asas, assim só o Senhor o guiou...”(Dt 32.10-12).
. “Um
tempo, e tempos, e metade de um tempo”. A presente expressão tem seu fundo
histórico na passagem de Daniel 7.25. O sentido é: “um ano, dois anos, e metade
de um ano”, mas por que se diz “tempo, e tempos, e metade de um tempo”, em vez
de três anos e meio? Segundo o modo judaico de calcular, três anos juntos
precisariam do acréscimo de um mês, de maneira que o período seria 1.290 dias
(Dn 12.11) em vez de 1.260 dias (Dn 7.25; Ap 11.2, 3; 13.5); mas, referindo-se
a um dos anos separadamente evita-se este resultado. Isso é confirmado em Ap
11.2, 3 quando a cidade de Jerusalém será pisada pelos gentios durante o tempo
de 42 meses.
- “E
a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher água como um rio, para que pela
corrente a fizesse arrebatar”.
.“...água
como um rio”. Na simbologia profética das Escrituras Sagradas, um rei poderoso,
comandando os seus exércitos, é comparado a “uma corrente de águas”, conforme
Is 8.7: “Eis que o Senhor fará vir eles as águas do rio, fortes e impetuosas,
isto é, o rei da Assíria...”. Em Os 5.10 temos o simbolismo de Deus a enviar
sua ira como “corrente de água”. Em sl 33.6 e 124.4; Is 43.2, lemos que os ímpios
engolfam os justos, como se fossem “uma inundação”. Em Is 59.19 o inimigo é
visto perseguindo a Israel “como uma corrente de água”. No texto em foco,
cremos que o sentido é o mesmo, isto é, a “corrente de água” que o dragão
lançou de sua boca, é retratado como “um poderoso exército” composto de súditos
da Besta. Mas a exemplo de Coré e de seu grupo, foram tragados pela própria
terra (Nm capítulo 16)
- “E
a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua boca e tragou o rio que o dragão
lançara da sua boca”.
.“...e
a terra ajudou a mulher”. Essa “corrente de água” (o exército) será absorvida
antes de ter alcançado o lugar de “refúgio” preparado por Deus (Is 16.4). Deus
usará tanto meios naturais como divinos. O certo é que a terra serviu de
“bandeira” como diz o profeta Isaías (59.19):
“...vindo
o inimigo como uma corrente de água, o Espírito do Senhor arvorará contra ele a
sua bandeira”. Alguns expositores do Apocalipse interpretam literalmente estes
dois versículos (15 e 16); e, na realidade, nada há que impeça sua realização
literal. Na passagem de Nm 16.31 diz que acabando Moisés de falar “...a terra
que estava debaixo deles se fendeu. E a terra abriu a sua boca, e os tragou...
e eles e tudo o que era seu desceram vivos ao sepulcro, e a terra os cobriu...”.
O Salmo de número 55.15 retrata o assunto da mesma maneira: “A morte os
assalte, e vivos os engula a terra...”. Seja como for, a proteção assegurada
por 1.260 dias “fora da vista da serpente”. A terra, já que pertence a Deus, em
última análise, está ao lado da bondade. Deus finalmente, fará o sistema da
“terra” ficar submisso a si mesmo, quando do reino milenial de Cristo. O que
Deus fará lá, pode ter sua introdução aqui.
A
SEMENTE DA MULHER
“E o
dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao resto da sua semente, os
que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo”.
.“...irou-se
contra a mulher”. É esta já a oitava vez que aparece esta figura feminina nesta
secção: (vs. 1, 4, 6, 13,15, 16, 17). C. C. Ryrie indica que a palavra grega
aqui traduzida por “resto” ou “restante” conforme aparece no Apocalipse,
“aplica-se a grupo de indivíduos selecionados, e não necessariamente a um
remanescente espiritual”.
Naturalmente,
essa semente da mulher perseguida, são aqueles que sobraram do número dos
assinalados: os 144.000 (7.1-8); são os que guardam os mandamentos de Deus (a
lei), e têm o testemunho (da morte de Cristo). Verdade é que profeticamente
falando, João via Israel e a Igreja Cristã sofrerem perseguições. Mas, não
devemos aplicar o presente texto à Igreja do Senhor, pois esta se encontrará,
ao lado de Cristo, nas bodas do Cordeiro. Portanto, o resto da
semente
da mulher perseguida, sem dúvida, é Israel.
CONCLUSÃO
Embora, o dragão seja grande, vermelho,
sedutor, temido, ele está derrotado. A vitória está assegurada. Caminhamos não
para um final trágico ou incerto. Caminhamos para a consumação gloriosa de
Cristo e da sua noiva. Que Deus seja louvado!
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